fevereiro 27, 2009

Meio e Mensagem

Tenho visitado e documentado casas cadastradas pela
Cohapar -Companhia de Habitação do Paraná-, Prefeituras
e Governo Federal, que serão relocadas por estarem em áreas
de risco.
Essas experiências com grupos sociais, que venho fazendo
ao longo dos meus mais de 30 anos de profissão, não param
de surpreender.
Com as fotos abaixo, mostro duas situações de um mesmo
meio ambiente.
Na primeira, Luciene Carvalho, 37 anos, cinco filhos, espera
ansiosa pela nova casa que começa a ser construida agora em
março.
Entre os trabalhos caseiros e o cuidado com os filhos, Lucia-
ne fica em frente a um velho computador, onde fez uma gam-
biarra ligando o celular e usando a linha para navegar. Insta-
lou também um programa de photoshop e fica tratando as
fotos que tira dos filhos e da familia. Com isso descobriu que
quer e pode ser fotógrafa.
Cria complementos às fotos, como flores, bichinhos, por-do-
sol, ao gosto de seu público alvo.
Agora é só esperar ter um endereço digno, fazer cartões de
visita e realizar o sonho de ser fotógrafa, trabalhando em casa.
Enquanto isso é esperar que a casa onde esta agora não caia até lá.
No quarto dos meninos , uma parede já caiu.

Luciane e dois dos filhos, no buraco da parede onde cairam
as tábuas.

A casa de dona Ieda
O barraco de dona Ieda Pereira Oliveira é menos animado.
Aliás, o desânimo parece estar impregnado das panelas aos
gatos daquela casa. Muitos, esse gato branquinho parece
ter conquistado o espaço nobre sobre a televisão.
Durante o tempo que passamos lá, ele nem se espregui-
çou.
Aos 71 anos, dona Ieda divide o espaço com a filha, cinco
netos e agregados que ela acolhe.
Provavelmente a única receita da casa seja sua aposenta-
doria.
Agora parece ver uma luz ao final do túnel, com a espera
da casa que a tirará da favela.
Sonha com um quarto com janela.





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Quem sou eu

Minha foto
Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
Todos os direitos reservados à autora.
Fotos podem ser copiadas desde que com menção à fotógrafa e sem fins comerciais.

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