No inicio do século XXI o arquiteto e urbanista curitibano Jaime Lerner foi indicado como um dos dez "Da Vince" do século XX, escolhidos em todo o planeta para apresentar uma proposta ao novo milênio. Inspirado nos bouquinistes de Paris, ele desenvolve a Rua Portátil.
A idéia da Rua Portátil nasceu com a constatação de que existem setores em muitas cidades do mundo que estão passando por um processo de degradação, o que se deve em grande parte ao fato de que nessas áreas quase não há gente vivendo.
Revitalizar é voltar a viver. Mas como atrair pessoas para viver em locais sem vida? Como “fazer acontecer”, de maneira ágil e efetiva, evitando processos longos e onerosos de desapropriações, construções? A resposta é trazer a vitalidade da rua para esses lugares.
As Ruas Portáteis abrem a possibilidade de se trazer vida imediatamente, funcionando como um estímulo à volta da função moradia. As Ruas Portáteis levam comércio, animação e efervescência dos bons endereços da cidade para áreas degradadas ou aquelas que perdem seu movimento em alguma parte do dia. Seus módulos podem ser colocados, por exemplo, nos leitos das ruas na sexta-feira à noite e retirados na segunda pela manhã. Durante a semana, podem ser montados em locais com grande movimento de pessoas, como universidades.
Em essência uma evolução dos bouquinistes de Paris, o módulo da Rua Portátil é fruto de um cuidadoso processo de desenho e projeto, que almeja um artefato altamente versátil e qualificado, capaz de abrigar com beleza e funcionalidade as mais diversas atividades comerciais e de serviços características das ruas tradicionais. Nele podem ser acolhidos pequenos cafés, livrarias, lojas de discos, de flores, frutas e verduras, souvenires, lojas de grife, e assim por diante, dependendo de como se deseja inserir a Rua em cada vizinhança. A segurança é garantida pelo seu sistema de fechamento - o módulo pode ser trancado sempre que se desejar.
A partir da Rua Portátil o conceito se desdobra. Os módulos podem combinar ponto de ônibus e banca de jornal ou ainda podem criar estações de trabalho e descanso, como um pequeno hotel nos aeroportos. Seguindo a evolução da idéia, se chega ao princípio de viver e trabalhar junto, em bairros que podem ser montados em um curtíssimo espaço de tempo.
Assim, a Rua Portátil e seus desdobramentos permitem nos aproximarmos do conceito integrado de vida, trabalho e movimento – o conceito da tartaruga Vita -, fundamental a qualidade de vida das cidades.
Verifica-se, portanto, que a partir do módulo inicial da Rua Portátil toda uma gama de equipamentos pode ser desenvolvida, aliando o mobiliário urbano à portabilidade. Em alguns casos esses elementos podem ser permanentes e em outros deslocáveis, de acordo com a necessidade, compondo novas paisagens.
Podemos imaginar a instalação das Ruas Portáteis nos lugares mais diversos: em bairros que à noite ficam desertos, nos subúrbios, auxiliando a fomentar sua vitalidade.
Mais do que uma peça de mobiliário urbano, a Rua Portátil é uma injeção de vida para a cidade.
A partir de hoje a cidade de Curitiba estréia sua Rua Portátil, que deverá acompanhar como piloto o Festival de Teatro e será instalada na Praça Santos Andrade, em frente ao Teatro Guaira.
A estréia é hoje (19 de março), a partir das oito da noite. Vamos lá conferir a novidade cosmopolita de nosso famoso urbanista.
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Há 2 dias
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