abril 11, 2010




SERIE MOCÓS
2005/2007











Há muito circulo e observo a cidade, suas entranhas, suas casas.
Em 93, morando em Curitiba, (vou e volto, várias vezes a essa cidade),
fui convidada a fazer dupla com Nair Benedicto que havia pedido
um fotógrafo local para acompanha-la na Curitiba 24 Horas.
Alguém que tivesse a radiografia da cidade na cabeça. 
Assim virei amiga de infância da Nair,
uma das pessoas mais generosa,
talentosa e sensível ao
ser humano, que
conheço.
Vivendo em São Paulo, sempre que possível  
ela estava me chamando para fazer trabalhos prá
NImagens.
Especie de anjo, a Nair,
sempre a cuidar de sua tribo, seus queridos,
Soube que está mais em Cunha que em São Paulo.
Outro dia li uma noticia sobre ela estar entre um grupo
de fotógrafos agentes culturais,
inda a Brasilia, no blog do Clicio.
Fiquei feliz. Está agitando,
fazendo política cultural,
conceitualizando, que é o
que têm que fazer as pessoas que viram e viveram
como ela.
Lembrei-me da Nair porque quando estava fazendo
 esse trabalho nos mocós da cidade,
minha mãe ficou doente,
de coma, e com as víceras
praticamente de fora.
Triste vir a mãe exposta, em ruinas, indo inevitavelmente
à demolição, isolada em uma UTI.
Inavitável nessa hora a metafora casa/mãe.
Essas velhas edificações abandonadas,
onde a vegetação toma conta, quando não os homeless.
Em geral os proprietários colocam tijolos emparedando
as janelas, onde o pessoal de rua arromba e entra, como em uma caverna, pelo buraco.
Lá dentro, colonizado o espaço, deixam seus vestigios
nas paredes, como marcas rupestres, mesmo.
Arriscado, eu não me sentia ameaçada quando entrava nesses lugares.
Parece que meu empenho, minha emoção ia além
do risco.
Sempre foi assim comigo.
Raras vezes algo me aconteceu.
Bem, mas hoje os mocós estam mesmo mais mocosados
e ficou nas fotos a arqueologia
dos inquilinos de então.
Na época, me liga
a Nair, com quem eu não falava a tempos ,
para passar um trabalho.
Fotografar a Zilda Arns, outra grande mulher.
Sabendo que eu estava perdendo minha mãe,
mais uma vez me deu colo.
Grande Nair, que está sempre
presente em questões femininas.
Comigo então, parece que adivinha quando estou em crise
do "ser mulher".
Há tempos não nos vemos mas tenho certeza,
nosso afeto continua sempre o mesmo.
Depois de 93 passei a dar oficinas sobre
investigações de moradias nas cidades.
Na 2°Bienal de Fotografia, em Curitiba,
de novo fizemos dupla na Curitiba 24 Horas.
Dei a oficina "Identidade e Intimidade" em
Curitiba e Ouro Preto, várias vezes.
Encontrei na Nair tantas afinidades que
nos tornaram grandes amigas,
por parte do ser humano.
Saudades.





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Quem sou eu

Minha foto
Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
Todos os direitos reservados à autora.
Fotos podem ser copiadas desde que com menção à fotógrafa e sem fins comerciais.

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