maio 30, 2010






Etiqueta na Rua?










 Uma tribo a qual simpatizo é a dos malabaristas de semáforo.
 Sempre no vermelho, por opção ou saída.
 Interessante que eles chegaram pra valer em Curitiba há uns cinco anos, quando houve aqui um festival e alguns argentinos ficaram um tempo em uma pensão da Rua 13 de Maio, que até hoje ainda é o QG deles.
 Passado o festival, Curitiba ficou sendo como um pit stop nesse Brasilzão, onde paravam para restaurarem-se, dar cursos de formação a outros malabares locais ou de outro lugar do país, e seguir adiante.
Frequentavam de preferência  praias e balneários, onde as pessoas estão mais abertas ao lúdico.
Floripa era geograficamente um bom sítio para o verão.
Mas a prefeitura de lá não os quis mais. Vieram então para Curitiba e aqui se instalaram.


Interessante que são educados, teem bons dentes e criam fácil um elo com quem lhes dá atenção.
Houve época em que pintou um grupo do centro oeste que chegou a querer cobrar para ser fotografado ao sinaleiro. Xavier, o argentino meio líder que também é o das fotos acima, interferiu dizendo a eles alguns códigos de éticas da "rua".
Tudo sereno, tranquilo, os meninos acabaram conversando comigo e acho que isso foi um belo gesto informal de respeito mútuo às condições e convicções.


Javier é o mais, digamos, qualificado. Meus papos com ele não passam desses episódios mas sempre são gratificantes. Tem figurino, tem educação e formação pelos rápidos diálogos que levamos no vermelho.
E, o melhor, passa essas posturas aos novos nômades. Isso é educação, etiqueta.
Etiqueta na rua? me perguntariam.
Sim. Se pensarmos que etiqueta é uma pequena ética de bolso que carregamos para o dia a dia no trato com os outros, veremos que o novo saltimbanco tem sua função social, sim.
Quando lembra e cita o verbete o viajante do i-ching, faz com bom vocabulário, mesmo que em portunhol.
Esse desprendimento, desapego e liberdade é digno e não lhes custa nada. 
Só a vida.





3 comentários:

san disse...

Bons dentes é conditio sine qua non, mesmo pra um malabarista de rua. Esse Xavier (cujo nick deve ser Gzávi, como o de um amigo espanhol Xavier que eu tive) parece bastante simpático. E eu ousaria dizer que caiu nas graças da fotógrafa, sí señora!

Lina Faria disse...

Hehehe...
fantasia tua, San.
Acho que ele prefere minhas filhas.

san disse...

Como dizia o Jô, num dos seus mais famosos bordões: não se deprecie, mulher!

Quem sou eu

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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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