Etiqueta na Rua?
Uma tribo a qual simpatizo é a dos malabaristas de semáforo.
Sempre no vermelho, por opção ou saída.
Interessante que eles chegaram pra valer em Curitiba há uns cinco anos, quando houve aqui um festival e alguns argentinos ficaram um tempo em uma pensão da Rua 13 de Maio, que até hoje ainda é o QG deles.
Passado o festival, Curitiba ficou sendo como um pit stop nesse Brasilzão, onde paravam para restaurarem-se, dar cursos de formação a outros malabares locais ou de outro lugar do país, e seguir adiante.
Frequentavam de preferência praias e balneários, onde as pessoas estão mais abertas ao lúdico.
Floripa era geograficamente um bom sítio para o verão.
Mas a prefeitura de lá não os quis mais. Vieram então para Curitiba e aqui se instalaram.
Interessante que são educados, teem bons dentes e criam fácil um elo com quem lhes dá atenção.
Houve época em que pintou um grupo do centro oeste que chegou a querer cobrar para ser fotografado ao sinaleiro. Xavier, o argentino meio líder que também é o das fotos acima, interferiu dizendo a eles alguns códigos de éticas da "rua".
Tudo sereno, tranquilo, os meninos acabaram conversando comigo e acho que isso foi um belo gesto informal de respeito mútuo às condições e convicções.
Javier é o mais, digamos, qualificado. Meus papos com ele não passam desses episódios mas sempre são gratificantes. Tem figurino, tem educação e formação pelos rápidos diálogos que levamos no vermelho.
E, o melhor, passa essas posturas aos novos nômades. Isso é educação, etiqueta.
Etiqueta na rua? me perguntariam.
Sim. Se pensarmos que etiqueta é uma pequena ética de bolso que carregamos para o dia a dia no trato com os outros, veremos que o novo saltimbanco tem sua função social, sim.
Quando lembra e cita o verbete o viajante do i-ching, faz com bom vocabulário, mesmo que em portunhol.
Esse desprendimento, desapego e liberdade é digno e não lhes custa nada.
Só a vida.
3 comentários:
Bons dentes é conditio sine qua non, mesmo pra um malabarista de rua. Esse Xavier (cujo nick deve ser Gzávi, como o de um amigo espanhol Xavier que eu tive) parece bastante simpático. E eu ousaria dizer que caiu nas graças da fotógrafa, sí señora!
Hehehe...
fantasia tua, San.
Acho que ele prefere minhas filhas.
Como dizia o Jô, num dos seus mais famosos bordões: não se deprecie, mulher!
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