Frente & Verso
Essa última imagem já é familiar a quem frequenta esse espaço.
Uma casa eclética do inicio do século XX, que vejo o desmanche provocado pelo tempo e descaso.
Vejo-a sempre de costas, no avesso, pelo contra plano da rua.
Com minhas atenções voltadas para a Rua Riachuelo, fiz umas imagens, com mais atenção, da vitima que acompanho e tem a frente voltada pra ela.
Vejam como tem vida a parte frontal da carcaça.
A natureza retoma seus espaços no vácuo do abandono, quase sempre seguida da violência.
Como engana o eclético em sua elevação que dá frente ao público.
Não se tem noção, pelo menos o leigo, que atrás hajam tesouras, águas, comuns às moradias.
Também esse enorme balcão no ático, só é entendido pelo contra plano.
Essa é a "intimidade" da casa. Seus segredos, seus guardados, o velado e sagrado que lhe garantiu um dia a condição de lar.
Acho triste acompanhar contemplativa a "passagem" cruel e dolorosa de uma entidade chamada casa.
Seres, sim, seres porque sofrem e tudo que sofre tem vida, serem largados, insepultos, no embate com as frágeis leis vigentes em favor do Patrimônio Histórico.
Esse é o book que faço hoje dessa que passou a ser uma casa da minha vida.
A fachada não tem quase recuo. Preciso fazer-lhe um retrato com correção de báscula, direitinho, para guardar em meu mórbido álbum virtual de casas terminais.
2 comentários:
Sensacional. Principalmente o primeiro take, com aquele carrão preto na frente, estilo graphic novel, dando um supercontraste. Ficou irado.
Pois não ficou 'gira', como dizem os portugueses?
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