carlos drummond de andrade
Confronto
Bateu Amor à porta da Loucura.
"Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
a que me conduziu minha paixão".
. A Loucura desdenha recebê-lo,
sabento quanto Amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo,
de humano que era, assim tão inumano.
. E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu,
. enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino
que este mal sem perdão, o mal de amar."
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3 comentários:
Que arrepio! O poeta sabia escrever. A porta dá um toque de desespero...
Velho e bom Drummont!
Mesmo arrepiante.
Lembro, a despropósito talvez...mas a PORTA está em ambos..
Que barulho é esse na escada?
É o amor que está acabando,
é o homem que fechou a porta
e se enforcou na cortina.
(Início do POEMA PATÉTICO, de C.D.A.).
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