Eu nasci nessa Casa!
Um dos meus assuntos mais recorrente é a Casa. Mais que casa, aquele quase nada que transforma uma moradia em Lar. Também, uma das frustrações de minha relação com os espaços é vê-los assim tão rápido, se apagarem, ou pior, irem morrendo aos poucos por abandono e inanição.
Difícil alguém que possa dizer com orgulho "eu nasci nessa casa".
Pois Maria Christina Macedo, a Tina, como todos a chamam carinhosamente, pode, mais do que isso, contar uma história pessoal de quase todos os casarões da Avenida João Gualberto e imediações, reduto do clã dos Leão, ao qual faz parte.
Mas não pensem que Tina, apesar de ter nascido em uma casa de princesa e ter ascendência direta com os chamados "Barões do Mate", não tenha amigos e interesses nas mais diversas áreas e camadas sociais.
Eu, por exemplo, tenho-a como minha amiga. Daquelas que podemos ficar mais de dez anos sem nos ver e ela ao nos encontrarmos, seja em qual situação ou companhia que esteja, vem entusiasmada me cumprimentar.
Conheci-a melhor quando eu trabalhava na assessoria de imprensa do Palácio do Governo e voltava de uma licença maternidade. Como com criança pequena, resolvi acompanhar a primeira dama, mulher do governador, por não demandar viagens, essas coisas.
Quem era a primeira dama se não a Tina? Casada então com João Elísio Ferraz Campos, com quem teve suas duas filhas, ela assumiu a área social do Governo. Pra quem achava que seria tranquilo acompanha-la, errou completamente. Um dínamo essa mulher com um coração só não maior que nossos problemas sociais.
Despoja, articulada, se entusiasma com a chegada de seu livro eletrônico. Seiscentos livros, da melhor literatura, diz ela.
Encontrei-a anos depois nos bancos de uma faculdade. Toda jovial e serelepe, conquistou a galera.
Assim é ela.
Fui outro dia a trabalho em seu apartamento e vi dois quadros dos casarões da Av. João Gualberto.
Um de Ruben Esmanhotto, grande artista plástico que pinta a arquitetura da cidade com pigmentos naturais e querebentina. Esse, o da foto da casa dos pais, acima, na foto onde está Tina.
Na segunda foto, o Palacete dos Leões - no plural por designar as duas esculturas, não o nome da família - casa dos avós.
Demorei a postar pois queria fotografar a casa agora,
nas atuais condições - está bem e habitada -, e acabei por ir deixando.
Ontem quando me deslumbrei com a nogueira que pra mim já inseriu-se à paisagem, vi no monitor uma torrezinha que aparece entre dois prédios, e é a da casa dos pais da Tina..
Resolvi postar assim mesmo.
Será que a Tina lembra dessa nogueira, na infância?
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