Mais Louise Bourgeois
Um fato caseiro nos mostra um pedaço dessa mulher que em sua obra transpira sensualidade:
Uma tarde em Manhattan, Lia Viana, baiana de Curitiba que vive em Nova York e é tia da minha filha, andava pelas ruas a procura de um determinado endereço.
Numa rua mais estreita viu à janela uma senhorinha dócil esperando que ela se aproximasse para lhe faz alguma pergunta em um inglês afrancesado.
Ela lhe respondeu em francês. Queria saber se era mexicana, - Lia tem um phisic du role meio Frida Calo - Quando soube que brasileira, arquiteta e artista plástica, convidou-a para ir à sua casa em um certo dia da semana que passava todo com um seleto grupo de jovens artistas. Quando lhe deu um cartão, Lia quase desmaia de emoção por conhecer a diva. Chegou a frequentar essas tardes de desenho e conversa.
Em sua época, para uma mulher, era mais que ousadia mostrar a libido, a sensualidade, o erótico, com o corpo.
Tudo era romântico, abstrato, figurado. Ela não. Mostrava as genitalhas femininas e masculinas sem ser grotescas, mas chocando.
Até então, pouco se via do nu masculino além dos clássicos. Uma mulher o apresentando à luz, então, loucura pura!
Vi uma bela exposição sua só de desenhos, onde pode-se mais ou menos perceber alguns processos de sua criação. Seus estudos, esboços se misturavam a fatos contemporâneos, aos seus recalques psíquicos e, porque não, ao seu erotismo exacerbado, seu mote recorrente : o corpo e sua libido.
Sem limites ou vergonha.
Essa mostra foi dez anos atrás, quando já era octogenária, e tinha trabalhos recentes em desenho.
Lembro-me que saímos de la com a certeza que pelo erotismo dos traços, a velhinha, antes de talento e sensualidade, tinha também uma excelente memória. Hehehe...
3 comentários:
Uma personagem incomum essa Senhora.
Ela pintava de memória, e que meória...
maravilhosa referência,sua inspiração era a vida, o universo da mulher,nossa beleza, nossa força e limites... uma diva mesmo; fez tudo certo.
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