Tragédia na Praça da Matriz
A cidade parou.
A Praça da Matriz, hoje chamada Tiradentes, corpo que sustenta
todos os tentáculos da Grande Curitiba, congelou-se de pânico e dor.
Um ônibus coletivo desgovernou-se e avançou sobre pessoas
que circulavam pela faixa de pedestre e na calçada.
Gritos, confusão, eu passava por ali quando vi o veiculo dentro das Casas Pernambucanas.
Havia aquele cordão de isolamento mas eu saquei da câmera e fui até onde possível, entender o que acontecera. Logo um policial convidou-me a retirar e eu só pedi que ele não segurasse em mim. Já haviam problemas demais e uma enorme impotência por nada poder fazer e estar embaraçada naquela multidão que não anda, não ajuda, nada faz senão embarcar e viver a dor do outro.
Na Catedral os sinos badalavam que badalavam.
Anunciavam a missa de meio dia.
No céu, o barulho de dois helicópteros que transportavam os feridos. Dezenas de pessoas foram atingidas e um rapaz morreu na hora. Ninguém ia embora. Uns com roupas de cozinheiros, médicos, dentistas, se apinhavam nas janelas. Mais uma tragédia no palco do Marco Zero.
Mais um embate, esse fatídico, do carro com o homem.
Fico pensando o que dizem os legisladores que exigem banquinhos especiais para crianças em carros particulares, enquanto nos coletivos andam todos, adultos e crianças, de pé, sem cinto e espremidos uns aos outros, vulneraveis a qualquer curva ou freada.
Será que a vida de quem anda de ônibus vale menos?
Quase todos fotografavam com seus celulares. Teve um que fotografava com dois aparelhos, um em cada mão. O acontecimento ultrapassa, me parece, a própria noção do trágico.
3 comentários:
Uau, Lina!
Que tristeza! Você sempre corajosa...bj
Leila
Que tristeza mesmo Leilinha.
Já não conseguiria fazer o factual sempre.
Me emociono muito.
Quando mais jovem, apesar da compaixão, vinha antes o dever da foto a cumprir.
Hoje documento porque é o centro da cidade. Tragédia coletiva.Estatistica. Mas sofro, me envolvo. Sou menos profissional e mais humana.
beijo!
Impressionada com a sua clareza dos fatos.
Adorei te ler!
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