junho 10, 2010








 Tragédia na Praça da Matriz












A cidade parou.
A Praça da Matriz, hoje chamada Tiradentes, corpo que sustenta
todos os tentáculos da Grande Curitiba, congelou-se de pânico e dor.
Um ônibus coletivo desgovernou-se e avançou sobre pessoas
que circulavam pela faixa de pedestre e na calçada.
Gritos, confusão, eu passava por ali quando vi o veiculo dentro das Casas Pernambucanas.
Havia aquele cordão de isolamento mas eu saquei da câmera e fui até onde possível, entender o que acontecera. Logo um policial convidou-me a retirar e eu só pedi que ele não segurasse em mim. Já haviam problemas demais e uma enorme impotência por nada poder fazer e estar embaraçada naquela multidão que não anda, não ajuda, nada faz senão embarcar e viver a dor do outro.


Na Catedral os sinos badalavam que badalavam.
Anunciavam a missa de meio dia.
No céu, o barulho de dois helicópteros que transportavam os feridos. Dezenas de pessoas foram atingidas e um rapaz morreu na hora. Ninguém ia embora. Uns com roupas de cozinheiros, médicos, dentistas, se apinhavam nas janelas. Mais uma tragédia no palco do Marco Zero.


Mais um embate, esse fatídico, do carro com o homem.
Fico pensando o que dizem os legisladores que exigem banquinhos especiais para crianças em carros particulares, enquanto nos coletivos andam todos, adultos e crianças, de pé, sem cinto e espremidos uns aos outros, vulneraveis a qualquer curva ou freada.

Será que a vida de quem anda de ônibus vale menos?

Quase todos fotografavam com seus celulares. Teve um que fotografava com dois aparelhos, um em cada mão. O acontecimento ultrapassa, me parece, a própria noção do trágico.



3 comentários:

Anônimo disse...

Uau, Lina!
Que tristeza! Você sempre corajosa...bj
Leila

Lina Faria disse...

Que tristeza mesmo Leilinha.
Já não conseguiria fazer o factual sempre.
Me emociono muito.
Quando mais jovem, apesar da compaixão, vinha antes o dever da foto a cumprir.
Hoje documento porque é o centro da cidade. Tragédia coletiva.Estatistica. Mas sofro, me envolvo. Sou menos profissional e mais humana.
beijo!

Giselle Corrêa disse...

Impressionada com a sua clareza dos fatos.
Adorei te ler!

Quem sou eu

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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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