O Jardim do Vampiro
Dalton Trevisan, nosso Vampiro de Curitiba, é um dos grandes mitos vivos da cidade, quiçá do Brasil.
A mim e a outros bem mais entendidos em literatura, é o cara que melhor sintetiza em palavras, todas as mazelas humanas.
Curto e insisívo, ele coloca em seus textos cortantes, todas as taras, virtudes, poesias e crueldades humanas.
Vê-se neles todo bastidor fétido do falso moralismo no vestuto código de honra dessas paragens do Sul.
Sua casa, seu jardim, como só, apresenta a quem os observa a seguinte mensagem: Cai fora! Suma! Você não é bem visto nem bem vindo aqui.
Há muitos modos de interpreta-lo. Até eu já arrisquei um conto a ele e sua casa, publicado na revista Etcetera. Alguns raros fotógrafos quando o flagram na rua, um aparentemente pacato cidadão octogenário com sacolas de compra, roubam-lhe uma foto. Grande serviço, já que ele está na rua e o leitor, refém de suas palavras, quer pelo menos ver o rosto do algoz.
Há também quem critique os que tomam de assalto sua imagem à rua. Bobagem! Todos teem sua forma de expressão. A dele é ser figura reclusa. Pra que explicar aos curiosos todas as barbaridades da vida que colhe nos becos fétidos dos botecos e vielas curitibanas? Vão aos livros, há de pensar o monstro literário que mora num quintal da minha cidade, onde até as árvores saíram inóspitas, à sua imagem e semelhança.
Um comentário:
me lembrou um pouco a vinheta de abertura d'Os Monstros...
...no sábado, de relance zapeado, peguei uma parte duma entrevista com o Wilson Bueno em que ele era inquirido a tergiversar sobre como seria se Jorge Amado vivesse em Curitiba e o Vampiro em Salvador.
Não fiquei para ouvir, mas deve ter sido interessante.
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