Nos Tempos da Telefoto
Dia 25 de julho é considerado O Dia do Agricultor. Não se fala mais nessa efeméride, não é mesmo?
Na década de oitenta, quando a questão da reforma agrária fervia e os veículos quase nos deixavam de plantão no sudoeste do Paraná, esse dia era manifestado de forma ativa e consistente. Lembro-me que , em época de agências, nós fotógrafos de jornais até concorrentes, Estadão, Folha, O Globo, JB, funcionávamos como tal, por amizade, pelo bom jornalismo. Nem sabíamos mas formávamos um coletivo. Carlos Ruggi pelo Estadão, Alberto Viana pelo JB, eu pelo Globo e outros que também cobriam os conflitos. Quando haviam programadas ações simultâneas em mais de um lugar, nos distribuíamos pelas regiões que eram distantes e no final do dia trocávamos materiais, se necessário. O problema é que o hotel onde ficávamos só tinha duas linhas telefônicas e o material era passado por telefoto. Não raro ia-se a telefones públicos para transmitir as fotos. Laboratórios montados nos banheiros, cópia em papel f2, pra ser bem suave, pois a transmissão chegava quase um auto contraste na redação, todas as estratégias que o século passado usava para bem informar.
Saudosismo? Não. Dava um trabalho danado. Gostoso porque todos faziam o que adoravam. Mas que era loucura pura, isso era!
Por falar em agências, vendi muitas fotos pro João Bittar nessa época dos conflitos de terra. Bons tempos porque tinhamos muito trabalho e o jornalismo impresso não era ainda telegráfico no sentido de resumo, claro.


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