janeiro 19, 2011










O Destino do Museu Oscar Niemeyer










Acompanho o antenado e veterano jornalista Aroldo Murá, agora todos os dias no I&C, e consigo ali algumas valiosas e polêmicas informações/opiniões sobre o destino das questões sociais, politicas e culturais do Estado.

Lendo outro dia sobre o provável destino do Museu Oscar Niemeyer, onde defende-se que a instituição deverá ser focada mais à arte local, fiquei bastante preocupada, enquanto cidadã consumidora de cultura.
Concordo que o espaço tenha que prever verba e cota para artistas locais, porém por mérito reconhecido, curadoria experimentada e atualizada, e não obrigação sócio-cultural.
Para isso existem outros espaços expositivos, como o Mac, a ótima Casa Andrade Murici, Solar do Rosário e tantas outras instituições.
Lembrando que o espaço foi pensado e projetado para ser um museu nacional de Design e Cidades, coisa inusitada no Brasil, e a mudança de vocação por questões políticas, remeteu-o à sina de ser um espaço internacional de artes. O que não é pouco nem barato.
De como e com que recursos a gestão que o administrou tocou o barco, questiona-se mas deu certo.







Agora, a essas alturas, quando o próprio sucessor do mentor da obra, após ter pensado em transformá-lo em repartições administrativas, consegue coloca-lo no circuito internacional, retrocede-lo a provinciano é cruel.
Penso, de novo como consumidora de cultura, que, ou o museu retoma sua vocação inicial de Museu de Cidades e Design, segmento que pode ser auto-sustentável, ou faz convênios com a iniciativa privada e mantém sua excelência de espaço globalizado, já conquistado.
Mais um museu local, não precisamos. Precisamos, sim, como disse a Bia Wolk, manter o estatus conseguido até agora de um Museu Contemporâneo com curadoria séria.
Lembro-me à época das críticas sobre o nome Novo Museu.
Esqueceram que o termo museu vem de musas, de inspirações.
E nada mais novo do que cidades que se transformam, nem que arte que expressa a sociedade em que vivemos então.
Bem, mas transcrevo aqui o texto de Murá, que trás a opinião de Bia Wolk sobre o assunto, a qual concordo plenamente:


Provincianismo em artes plásticas
Maria Beatriz Wouk, Bia Wouk, como é conhecida artisticamente, está entre os artistas plásticos paranaenses do nosso mais exigente inventário da área. Tive o privilégio de ter sido aluno e amigo próximo de seus pais, os professores Miguel e Maria das Dores Wouk. Quem não se lembra desses sábios no Colégio Estadual e na UFPR?


Provincianismo – 2
 Expôs em individuais em San Francisco, Paris, Cidade do México, Los Angeles, Lisboa… Hoje ela e João vivem em Chicago, onde ele é cônsul geral.
Provincianismo – 3
Bia manda-me uma bem-vinda mensagem de discordância sobre o que escrevi a propósito do Museu Oscar Niemeyer (MON), numa entrevista com o secretário Paulino Viapiana. Acha que nada mais provinciano num sociedade globalizada do que pensar em espaço para grandes mostras patrocinadas pelo poder público sob a ótica apenas do local. Para ela, o MON descuidar de programação internacional “seria ideia extremamente provinciana”. Nem acha que o MON deva concentrar esforços para promover artistas locais. “Estes podem ter espaço na devida proporção de sua importância”, diz Bia.
Provincianismo – 4
A artista lembra que a um museu “cabe sobretudo papel didático”, e que abertura para o circuito internacional no MON “é mais que bem-vinda!” Para ela, o que falta ao MON é curadoria eficiente”. Bia acha que o MON não soube cativar o público até agora. Mas não aprova a ideia do Conselho Consultivo. Simplesmente porque “sem bom diretor e curadores competentes, e bem pagos, é difícil que o museu siga uma vocação cosmopolita”. Se esses caminhos não forem seguidas, “o MON, garante, será mais um dos espaços culturais da cidade mal aproveitados, provincianos e abandonados à própria sorte, vazios de público e ideias”, prevê.




fonte - http://www.icnews.com.br/2011.01.17/colunistas/aroldo-mura/provincianismo-em-artes-plasticas/



Alguém outro dia sugeriu num blog que se importasse um gestor curador. Sim, eu sei, temos medalhões locais com consistente formação. Mas estariam eles atualizados com o novo mercado internacional? Arte e suas tendências não são estáticas. Por que, por exemplo, chamaram a Lúcia Camargo para a direção do Teatro Municipal de São Paulo? E por que Belo Horizonte a importou como diretora do Palácio das Artes? Não estou aqui fazendo campanha a ninguém. Só mostrando que arte contemporânea cosmopolita requer agenda de anos de antecedencia.
Lembro-me da simpática mas ingênua iniciativa de dona Maristela em trazer os Guerreiros de Chiang da Oca do Ibirapuera para cá. Gente, um projeto desses, principalmente quando com os asiáticos, requer, no m´nimo quatro anos de antecedência. Os seguros são astronômicos.
Uma missão complicada a digna sobrevivência do museu, mas acho muito, muito triste recuar a essas alturas.
Tenho certeza que a sensata iniciativa do atual secretário de Cultura, Paulino Viapiana, de protelar até abril a reestruturação da casa, o fará tomar a melhor iniciativa quanto ao seu destino.
Por enquanto, vamos nós, amante das artes, torcendo e dando pitacos. Acreditem, a intensão é lutar para que a cidade não perca suas virtudes já conquistadas.







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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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