março 23, 2011

 







Querem assassinar o humor





foto sem credito



 
A bruxa anda solta. Essa expressão "não entendeu, vou ter que desenhar", tem que ser revertida.
Chargistas, artistas, poetas, fotógrafos, terão agora que elaborar bulas explicando seus trabalhos.
Solda, um dos maiores cartunistas do Brasil, está na berlinda. Foi acusado de racismo por retratar nós, brasileiros, a oferecer uma banana ao imperialismo americano.
Sim, a interpretação pode ser outra. Mas quem conhece o Solda sabe que ele tem olhos de criança e coração de poeta.
Como disse alguém, se o Solda é racista, a Madre Tereza de Calcutá teria sido uma prostituta.
Solda é do bem.
O jornalista que o ataca, julga e condena, já não o é, visto que levantou essa guerra sem sentido, cujo o alvo é uma flor de pessoa. Que triste...




Abaixo, reprodução de post de Pryscila Vieira, uma das inúmeras defesa públicas em favor de nosso Soldinha, que pode involuntariamente ter pisado numa casca de bananas, mas jamais pisará na dignidade de ninguém.


E, como disse o ator e músico Alexandre Nero, podemos ser bananas, mas não somos banana ouro. Somomos Banana da Terra!







Chargistas em chamas.

O planeta está tomado por uma horda de analfabetos visuais, incapazes de decodificar as verdadeiras mil palavras implícitas numa imagem. E ultimamente quem paga caro por este antigo estilo de ignorância, são os chargistas. O caso mais recente de achincalhamento causado por analfabetismo visual, aconteceu nessa semana. Uma charge mal interpretada do Solda tornou-se notícia na no site "Conversa Afiada" do jornalista Paulo Henrique Amorim, que ao que tudo indica não é versado em humor. Solda foi acusado de racismo e uma diabólica inquisição cibernética foi instaurada, empurrando-o numa fogueira iluminada por uma débil luz típica da mentalidade medieval. Coincidência ou não, Paulo Henrique Amorim - autor da infundada denúncia, foi condenado no ano passado a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil para o diretor de jornalismo da TV Globo, Ali Ahamad Kamel, por também tê-lo acusado imprudentemente de racismo.
Confiram a polêmica charge do Solda logo abaixo:

O desenho faz menção a uma figura clássica cuja situação histórica foi elucidada pela leitora Bárbara Kirchner: "A 'República das Bananas' é um termo criado pelo humorista estadunidense O. Henry quando refere-se ao colonialismo norte-americano que vilipendiou a América Latina no século XX, fazendo uso de instrumentos como a linguagem, para sarcasticamente chamar de 'república' o que na verdade é uma 'ditadura'". A charge do Solda defende os brasileiros porque explicita o sentimento da nossa nação, escarninhamente taxada de "República das Bananas" pelo Tio Sam, ao representá-la por um macaquinho que faz o audacioso gesto "banana para vocês", como quem diz que já conquistou um pingo de decência e independência para livrar-se da ditadura comercial e cultural imposta pelos nossos "colonizadores". Mas, pessoas desprovidas de conhecimento histórico, de bom humor e de sagacidade, são capazes de imaginar que o tal macaquinho é uma alusão ao biotipo do presidente dos EUA ou ao dos brasileiros, o que obviamente seria racismo. Entenderam ou precisa desenhar? Macaquinhos no sótão de gente burra causam danos irreparáveis.
Na semana passada o "chargista em chamas" da vez foi o brilhante e precoce João Montanaro, meu coleguinha de Folha de São Paulo, por causa da seguinte charge:
Mais uma vez afirmo que o absoluto desconhecimento da origem da inspiração do autor pode ter causado repulsa em alguns observadores. Quem não bebeu da mesma fonte que Montanaro, não entendeu que a charge foi uma referência direta à xilogravura entitulada "A Onda" de Katsushika Hokusai, uma das obras japonesas mais conhecidas do mundo. O resultado foi uma charge narrativa, refinada, não imbuída de critica ou de chacota, elementos que a maioria das pessoas acha obrigatório no trabalho de um chargista. Mas, haja legenda para sanar o desconhecimento cultural e a insensibilidade de alguns "leitores"!
Diante dessas e de outras, prevejo que em breve os humoristas gráficos terão que realmente legendar suas obras, trabalhando contra seu próprio mister: a sutileza. "Para bom entendedor meia palavra 'bos' ". Mas, em breve teremos que escrever "BOSTA" mesmo, em letras garrafais e ainda explicar que ela não está fedendo para o lado de ninguém, que é ecológica e politicamente correta, biodegradável e que a tal da BOSTA fez crisma no ano passado. Oras... Como o mundo está burro!





4 comentários:

Claudio Boczon disse...

se a chusma não pegou o tom
do traço, da ideia e do gesto,
imagina que indigesto
seria ainda dizer pro Obama
que banana no cuque é bom?

Solda rules!

Washington Cesar Takeuchi disse...

Detalhe do caso do Montanaro: a Folha de São Paulo por conhecer o garoto, o defendeu bravamente. E o veículo paranaense que sempre publicou as charges do Solta, o que fez até o momento?

Beth Kasper disse...

Isto é próprio de nanico! É como cachorro pequeno que se atreve atacar um grande porque pensa que também é grande!

Lina Faria disse...

WTakeuchi, o veículo em questão, que já foi um grande jornal diário, agora agoniza.Depois dessa, então...

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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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