"Muitas vezes uma cidade inteira pagou por
um homem mau"
Esse homem mau não é, certamente, o dono dessas mãos que suportam a
pedra incinerada e sorvida num ritual quase Zen.
Isso aconteceu há uns três dias em uma das vielas do centro de Curitiba.
Se tive medo? Se fui cooptada?
Não.
Saio à rua despojada de mim e armada de minha infalível intuição.
Lido bem com o fluir da rua.
O imprevisível é o que venho prevendo em meu dias e andanças.
Curitiba é cartão postal.
Tudo bem desenhado, bem colocado, até as mazelas
têm seu lugar e seu drama nesse palco da vida.
Somos todos humanos, lembram?
Não sou invasiva.
Nem Polyana. Sei observar de longe os grupos de rua.
Minha intenção não é, nunca foi, cadastrá-los.
Ora, eles optaram pelo anonimato sem cachorro.
Não serei eu a identifica-los, fugitivos de suas próprias
identidades.
Fotografei algo de pitoresco que o grupo carregava, sem identifica-los,
quando vi que preparavam a "pedra".
Me tranquilizou. A privação da dogra os pode tornar violentos.
Cedi ao diálogo, dos três aparentemente inofensíveis rapazes
que, muito sociaveis, chegaram até a me oferecer o cachimbo da paz.
-Obrigada, não. Isso mata!
Riem mas dizem que sou do bem.
-Com uma nikonzona dessas e não tem medo da gente, cara!
O terceiro acende uma pedra, pergunto se posso fotografar,
sem identificá-lo.
Faço a foto e mostro. Eles que gostam.
- Isso é arte, cara!
Perguntam meu nome.
Respondo com a mesma sinceridade que
havia rolado nosso papo.
Responderam:
"Te cuida! Se alguém invocar com você, diga que é
da turma do..."
Tá certo...
Um comentário:
Nossa Lina, so você mesmo! Muito bacana, as fotos, o texto e a intuiçao. Valeu!
beijos
Postar um comentário