Cada vez menos serviço e mais conceito, talvez minha postagem fotospoema tenha sido
subjetiva demais.
Mas ando preocupada com a tênue diferença de interpretação entre informação e critica.
Nem sempre uma está atrelada à outra. E, quando aponta uma distorção, essa vem em forma de informação de fatos. Leitura do reflexo dos fatos no espaço cidade.
Esse é meu trabalho. Demanda muito mais interpretações subjetivas de imagens,
que explicações verbais ou denuncias.
Porém, ao fazer a minha inevitável 'costura' dos fatos,
acabo por respingar, inevitavelmente em algo ou alguém.
A intenção nunca é de apontar 'quem deixou assim', mas, 'como pode-se melhorar'.
Certo?
Fiz uma interpretação poética da minha rua, num trecho em que me é muito familiar:
a calçada da quadra onde circulo quando saio de casa.
Há uma semana a moçada do Interlux e outros coletivos, fizeram uma intervenção urbana.
Chamaram de 'Música para sair da bolha', uma instalação que criava um ambiente bolha em meio ao rush
do final da sexta-feira.
Causou!
Vários ciclistas, um grupo fazendo som, projeção de imagens no velho e bom Hotel Brasília,
uma festa urbana em meio à chatice da marcha solitária das calçadas.
Quem passava não ficava indiferente.
Eu mesma, que vivo muito o cotidiano do point, não sabia.
Vi de longe o Rimon Guimarães com seu pandeiro, o Fernado Rosenbaum
calibrando a bolha de sua lavra e, dentro da bolha, um grupo de crianças, algumas pessoas
entrando e saindo daquele espaço criado pra se ouvir música.
Uma bolha mágica, em meio ao caos.
A festa nem começou e a Guarda Municipal manifestou-se contrária.
*"Ser feliz é falta de educação em Curitiba, vocês não sabiam?", praticamente disse o gualda.
Houve conversa. O Jorge Brand argumentou, o Rodrigo, do Museu da Fotografia do Solar, defendeu os meninos e tudo acabou lindo.
Então para que tocar no assunto?
Pelo simples fato de que no mesmo lugar, uma semana depois, um enorme vazamento verteu água potável por mais de seis horas - até onde acompanhei - sem que houvesse qualquer mobilização de viaturas ou patrulheiros que a pé vigiam o centro da cidade.
Após várias ligações e comprovações de que a água vinha de um estabelecimento privado, ficou
decidido que o desperdício continuaria a fluir até o conhecimento do proprietário do estabelecimento.
Durma-se com um choro, um rio desses jorrando sob seus pés.
Isso é cidade...
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