Os amigos, Maí Nascimento Mendonça e Dante Mendonça,
mandam noticias de sua temporada na cidade que, pra nós,
é uma fresta:
Crônica de Paris
Hoje é sábado, tem sol em Paris e todo mundo está na rua.
Na beira do Sena, enquanto terminava mais um curso de aquarela do professor Nicolas, uma noiva aproveitava o cenário para as fotos oficiais do grande dia. Enquanto isso, um casal alemão fazia piquenique com as pernas no ar, dependuradas da mureta do Sena na altura do Pont Marie da Île Saint Louis. E entre uma mordida no sanduíche, um gole e um beijo na boca, eles ainda estudavam roteiros de Paris para o flâner da tarde.
Na Rue des Rosiers, predominantemente de judeus, os dois principais restaurantes, Marianne e Chez Hannah, estavam com filas quilométricas pouco antes das 14 horas, quando os franceses começam a almoçar nesta época do ano.
Na Rue de Bretagne, no Alto Marais, enquanto a qualidade do couscous do Chez Omar permanece inalterada, outros bistrôs, cafés, brasseries e restaurantes dividiam espaço de mesas na calçada com uma feira de antiguidades e um brechó de vizinhança. Aliás, ontem foi o dia do vizinho, dos imóveis em festa. Uma delas aconteceu no Quai d`Orléans, com bexigas, crianças e adultos na maior confraternização e música ao vivo.
O Museu Carnavalet, que abriga a história de Paris, inventou ontem um concerto na hora do almoço, pra quem por acaso estivesse por lá vendo a coleção e a exposição de marcas de fachada de antigos estabelecimentos comerciais. O concerto, de alunos de uma academia de música, foi muito bom, clássico, até com uma soprano cantando árias de Julieta (a do Romeu) ao som do piano.
Ah, e na praça fronteira ao Hotel de Ville, onde já se apresentaram os padeiros da França – boulanger c`est um métier era o slogan deste ano -, hoje é dia de tênis. Enquanto telões mostram tudo de Roland Garros, as pessoas podem jogar nas quadras especialmente montadas para o lazer da população.
Não foi à toa que Hemingway escreveu um livro inteiro dizendo que Paris é uma festa. Nem que Woody Allen tenha feito uma baita declaração de amor à cidade, num filme de enredinho minúsculo e imagens maiúsculas. É uma delícia assistir “Minuit à Paris” no Cine Odéon, um velho cinema de poucos lugares cuja fachada aparece na telona. Na sessão da noite, porque de dia Paris é a rua, o sol, o ar livre, a fresta!
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