Dia dos Pais
Meu Pai costumava dizer que "Ao Homem coube o Mundo e À Mulher, coube o Lar".
Dois universos de limites tênues, mas estanques.
Me insurgi contra isso ao lhe pedir um belo punhal de prata, quando ele orgulhosamente exibia sua singela coleção bélica aos candidatos às mãos de suas duas respectivas filhas mais velhas
às quais eu formava uma trinca, como caçula.
Meu pai era um pacifista. Tinha as armas por acha-las bonitas.
Policial civil, era Escrivão de Policia por não ter conseguido concluir
o curso de Direito, pois tinha que ajudar a criar os irmãos.
Sensível, requintado, foi de Curitiba para o interior pioneiro do Paraná,
levando consigo sua mulher de dezesseis anos.
Lá teve as três filhas,
vindo para o litoral, depois de aposentado,
onde viveu seus últimos anos.
O Tio Nelsinho, como era chamado,
conquistou o respeito e admiração dos
amigos que fez.
Impecável em sua conduta moral e ética,
era um perigoso adversário,
quando sentia-se ferido em sua integridade.
Isso herdei dele.
Nada me atinge mais que interpretações absurdas
sobre mim e minha conduta e lisura
no trato com os outros.
Aprendi, também com ele,
que quem levanta sobre nós falsas situações,
na verdade são pessoas capazes de fazer
todos os horrores que a nós atribuem.
Só demorei com o aprendizado de que ser transparentes
nos torna por demais sensíveis e vulneráveis.
Quebram-se fácil as pessoas transparentes.
Vi meu pai vária vezes magoado,
triste, revoltado com injustiças que via
contra quais nada podia fazer.
Ofendia-se com tentativas de subornos,
quando era então transferido para outra cidade,
o que sempre acontecia.
Um bravo, meu pai,
de quem muito me orgulho!
Marido apaixonado, pai extremado,
cumpriu com justiça e sinceridade
sua passagem,
sua vida rica de belos exemplos.
Um comentário:
Lindo texto. Honestidade é tão dificil encontrar nas pessoas. Todos querem levar vantagem. Parabéns ao seu pai
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