agosto 14, 2011






Dia dos Pais



 






 

Meu Pai costumava dizer que "Ao Homem coube o Mundo e À Mulher, coube o Lar".
Dois universos de limites tênues, mas estanques.
Me insurgi contra isso ao lhe pedir um belo punhal de prata, quando ele orgulhosamente exibia sua singela coleção bélica aos candidatos às mãos de suas duas respectivas filhas mais velhas
às quais eu formava uma trinca, como caçula.
Meu pai era um pacifista. Tinha as armas por acha-las bonitas.
Policial civil, era Escrivão de Policia por não ter conseguido concluir
o curso de Direito, pois tinha que ajudar a criar os irmãos.
Sensível, requintado, foi de Curitiba para o interior pioneiro do Paraná,
levando consigo sua mulher de dezesseis anos.
Lá teve as três filhas,
vindo para o litoral, depois de aposentado,
onde viveu seus últimos anos.
O Tio Nelsinho, como era chamado,
conquistou o respeito e admiração dos
amigos que fez.
Impecável em sua conduta moral e ética,
era um perigoso adversário,
quando sentia-se ferido em sua integridade.
Isso herdei dele.
Nada me atinge mais que interpretações absurdas
sobre mim e minha conduta e lisura
no trato com os outros.
Aprendi, também com ele,
que quem levanta sobre nós falsas situações,
na verdade são pessoas capazes de fazer
todos os horrores que a nós atribuem.

Só demorei com o aprendizado de que ser transparentes
nos torna por demais sensíveis e vulneráveis.
Quebram-se fácil as pessoas transparentes.
Vi meu pai vária vezes magoado,
triste, revoltado com injustiças que via
contra quais nada podia fazer.
Ofendia-se com tentativas de subornos,
quando era então transferido para outra cidade,
o que sempre acontecia.
Um bravo, meu pai,
de quem muito me orgulho!

Marido apaixonado, pai extremado,
cumpriu com justiça e sinceridade
sua passagem,
sua vida rica de belos exemplos. 
  

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo texto. Honestidade é tão dificil encontrar nas pessoas. Todos querem levar vantagem. Parabéns ao seu pai

Quem sou eu

Minha foto
Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
Todos os direitos reservados à autora.
Fotos podem ser copiadas desde que com menção à fotógrafa e sem fins comerciais.

Desafio de março

Desafio de março

Minha lista de blogs

Seguidores

Arquivo do blog

em foco