Silvestre Sdroiewiski, o Seo Silva
Li no blog do Zé Beto sobre a morte do fotógrafo Silvestre Sdroiewski, na semana que passou.
Silvestre, o Seo Silva, foi meu chefe no Palácio Iguaçú quando toda a equipe de fotógrafos de Ney Braga usava a mesma gravata, o mesmo paletó e o mesmo óculos.
Muito querido e fraterno, ria porque achava que eu fotografava demais.
Meus colegas de oficio, bem mais velhos que eu, vinham da cultura do filme pack, onde o fotógrafo só tinha a chance de um fotograma. Também os flashes ovos de pato só espocavam uma vez, quando a lâmpada, em forma de ovo, saltava para frente. De sorte que a época não haviam ainda as lentes olhos de peixe, cuja distancia poderia queimar o fotografado.
Passei uma década em convívio com ele que acostumou-se com o apelido que lhe dei de "curta metragem", pela economia de filmes que gostava de fazer. Em contra partida me chamava de geração 400 asas, por achar muito fácil fotografar com filmes de maior sensibilidade e com 36 chances de acertar, segundo ele. Imagino o que pensava sobre a fotografia digital que tornou ainda mais fácil o ato de escrever com a luz.
Viveu mais de oitenta anos. Um dos filhos, o Carlinhos, também é fotografo.
Por eu não ter uma foto dele, fui ao Bar Beija-Flor, esquina da Mateus Leme com Paula Gomes, onde frequentávamos no almoço, pelo menos uma vez na semana.
O proprietário, Ricardo de Barros, relembra os tempos em que o bar inspirava os fotógrafos a aventura de fotografar beija-flor.
Em tempos de baixa sensibilidade e lentes escuras, não era fácil congelar a asa dos bichinhos.
Na parede do bar, ainda uma foto da época, desbotada e sem a certeza de que fosse do Silvestre,
é ainda testemunha das gargalhadas que ele e Mauricio Fruet, muito seu amigo, soltavam.
Quando Fruet foi nomeado prefeito, chegou no Palácio Iguaçú e disse : "Silvestre, corte esse saco e venha trabalhar comigo na Prefeitura."
Só assim o velho fotógrafo resolveu operar uma hérnia que o acompanhava há anos.
Imagino agora os dois, lá no céu, preparando um carneiro afrodisíaco e contando piadas de polaco pra animar o paraíso.
Grandes figuras com as quais tive o prazer de trabalhar.
Certamente, estão em paz.
2 comentários:
Bacana ver o Sílvio por aqui.
O Beija-flor era parada obrigatória no tempo em que frequentava o atelier de pintura do Museu Alfredo Andersen - bons tempos...
beijo,
Boc,
O Beija e um classico!
bj,
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