novembro 21, 2011







DANTE MENDONÇA,

Cidadão Honorário de Curitiba











O Discurso de Dante Mendonça:

A bênção, professor Aroldo Murá. Amizade verdadeira é aquela com generosidade suficiente para admitir todos os nossos melhores defeitos e piores qualidades. O arquiteto Fernando Popp é um amigo de verdade. De tão generoso, espalha a quatro ventos que eu sou o verdadeiro milagre de Madre Paulina.
Por eu ter nascido em Nova Trento, ele me atribui a proteção especial de Amábile Wisintainer, aquela brava mulher canonizada por João Paulo II. Mais que amigo, também compadre, Fernando deveria contar que eu sou — isto sim — o milagre de Maí Nascimento. Minha companheira de vida.
Doutor Ney Regattieri do Nascimento e dona Luíza Grein do Nascimento — aos quais peço a bênção — bem sabem que a filha Maria Luiza não tem poderes divinos. Tem a determinação e a paciência da Madre Paulina.
Caro vereador João Luiz Cordeiro, ou melhor dizendo, caro amigo João do Suco. Autoridades aqui nominadas, confrades da Academia Paranaense de Letras, queridos familiares, queridos filhos Luiza e Pedro.
Na introdução de sua biografia  Meu último suspiro , o cineasta Luiz Buñuel nos adverte que, à medida que os anos passam, a memória antes desdenhada torna-se preciosa para nós. Precisamos começar a perder a memória, ainda que gradativamente, para nos darmos conta de que é essa memória que constitui nossa vida. Uma vida sem memória não seria vida, assim como uma inteligência sem possibilidade de expressão não seria inteligência. Nossa memória é nossa coerência, nossa razão, nossa ação, nosso sentimento.
É a memória o nosso maior patrimônio. Sem ela, não somos nada. Assim, considero que não estaria recebendo este diploma caso não tivesse guardado na memória o que aprendi com os amigos. Os que aqui tenho diante dos olhos e os ausentes, que os tenho guardado também neste coração agora mais do que nunca curitibano.
Disse ainda Luiz Buñuel, as recordações vão se acumulando e, de uma hora para outra, inutilmente tentamos nos lembrar de uma palavra, de uma frase, do nome de um amigo; e nos esquecemos. 
Dos tantos amigos, gostaria de nominar alguns deles como exemplares. Alguns mestres de ofício que sempre me trataram de pai para filho nos momentos mais difíceis.
A bênção Mussa José Assis, o amigo que me guiou como a um filho na profissão.  
A bênção Paulo Pimentel, com quem ao longo de 40 anos atravessamos várias espécies de ditaduras, sem esmorecer e  poucos lembram o quanto foi difícil  sem que o salário atrasasse um só dia.
A bênção Aramis Millarch, escrivão de sete especialidades e de sete fôlegos que igual ainda não nasceu para registrar os fatos das sete artes. 
 A bênção Manoel Carlos Karam, o irmão e parceiro que muitos reconheceram o talento só depois que ele nos deixou, no auge da sua produção literária.
Quando cheguei em Curitiba há quarenta anos, um dos meus primeiros amigos foi Manoel Carlos Karam. Também catarina, certo dia íamos passando pela nova Rua das Flores quando encontramos o pintor Rogério Dias
 Karam, estou com uma ideia na cabeça!
 Eu tenho duas embaixo do braço !  respondeu Karam, justamente com duas peças de teatro prontas para estrear no Teatro de Bolso.
Assim recém-chegado à cidade, fui um camarada de sorte. Além dos amigos que conheci pelo caminho, naquele ano fui testemunha ocular da transformação de Curitiba. Foi quando tivemos a oportunidade rara de presenciar o passo a passo de uma revolução urbana feita por jovens arquitetos. Uma brilhante geração com muitas ideias na cabeça e outras tantas embaixo do braço.
A bênção Jaime Lerner, amigo e padrinho de casamento que em 1981 cometeu a pândega de nomear este festivo cartunista como presidente da Comissão de Carnaval de Curitiba.
A bênção, Manoel Coelho, manezinho da ilha também Cidadão Honorário que ajudou a redesenhar esta cidade. 
A bênção Rafael Dely, foi um prazer conhecer o amigo. Um prazer que agora se renova, quando percebemos a falta que você faz para esta cidade.
Amigos e filhos. Ou filhos e amigos. A vida se renova com eles.
Sempre com pé na estrada e no quintal da terra natal, numa viagem no fim do verão, nosso filho Pedro fez um pedido antes de se ajeitar no banco traseiro do fusca.
 Pai, quando chegar na divisa do Paraná com Santa Catarina  me acorda!
 Por que?
 Para mudar o sotaque! – ele respondeu.
No começo da semana, ao receber o convite para este encontro, Iara e Doris Teixeira me enviaram a seguinte mensagem:
 Que beleza! Vai treinando o leitE quentE!
Não mereço tanto dos curitibaníssimos. Em troca, prometo às filhas do amigo Nireu Teixeira sempre honrar a nossa linguagem. E caso eu for traído pelo sotaque, podem me chamar de catarina. Mas agora com a devida ressalva.
A benção, Curitiba!



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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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