RIO APA
"Sou um velho e como tal sobrevivo simplesmente
a ficar de portas fechadas
vendo a dança louca dos galhos finos da palmeira,
em frente, cujas raízes sufocadas pela areia,
ainda extraem umidade da branca e sufocante cobertura.
Sou velho e não poderia Viver de maneira diferente.
Entre jovens que se agitam,
existo na alma dos velhos, quase sem pensar, sentir.
Contemplo-os apenas.
E não participo nem da alegria ou da tristeza
que externam em suas conversas, em geral, vazias.
E se me dirigem a palavra,
eu, numa voz rouca,
só respondo por monossilabas ou frases curtas,
mas esperando a oportunidade de afirmar algo interessante e raro.
Sei que posso dizer-lhes muito sobre o Viver
e então, eles se calariam e muito sério me ouviriam."
Fragmento de texto escrito por Rio Apa em sua casa na Praia da Pinheira-SC, extraido da publicação de Cláudio Kambé e Daniel R.T. Ribas.
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