Guenádi Aigui
Silêncio
1
no clarão
da angústia desfeita em pó
conheço o desnecessário como os pobres conhecem a
roupa última
e os velhos trastes
e sei que este desnecessário
é o que o país precisa de mim
confiável como um acordo secreto
o calar-se como vida
e para toda a minha vida
2
no entanto, o calar-se é doação, e para mim mesmo: o
silêncio
3
acostumar-me a tal silêncio
que seja como o coração que não se ouve bater
como a vida
que pareça um de seus lugares
e nisso eu sou – como a Poesia é
e eu sei
que meu trabalho é árduo e existe para si mesmo
como no cemitério da cidade
a insônia do vigia
1954–1956
Tradução:: Boris Schaiderman; ilustração: "Autorretrato", G. Aigui.
Fonte Revista eletrônica ERRATICA
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