janeiro 05, 2012




Guenádi Aigui




     




Silêncio



1


no clarão


da angústia desfeita em pó


conheço o desnecessário como os pobres conhecem a


roupa última


e os velhos trastes


e sei que este desnecessário


é o que o país precisa de mim


confiável como um acordo secreto


o calar-se como vida


e para toda a minha vida


2


no entanto, o calar-se é doação, e para mim mesmo: o


silêncio




3


acostumar-me a tal silêncio


que seja como o coração que não se ouve bater


como a vida


que pareça um de seus lugares


e nisso eu sou – como a Poesia é


e eu sei


que meu trabalho é árduo e existe para si mesmo


como no cemitério da cidade


a insônia do vigia




1954–1956





Tradução:: Boris Schaiderman; ilustração: "Autorretrato", G. Aigui.


Fonte Revista eletrônica  ERRATICA









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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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