ANTANAS SUTKUS, NO MON
ANTANAS SUTKUS é uma especie de elo perdido em meio a atual realidade da fotografia.
Do alto de sua experiência de ter conseguido expressar sua leitura do cotidiano, sob a cortina de ferro da então União Soviética, ele mantem-se irredutível quanto a conservar-se a fotografia em sua genuína
forma palpável da película, do analógico.
Ele pode. Viveu praticamente a vida sob uma ideologia que, por mais que lamente, deixou claros valores em seu planejamento de vida em relação ao mundo e, principalmente, ao Ocidente.
Penso que, não por acaso, o lançamento da exposição de fotos de Sutkus no Brasil, aqui em Curitiba, deu-se pela proximidade cultural eslava de nossa colonização.
Era visível sua emoção diante ao luxuoso catálogo editado pelo MON.
Disse que, pela primeira vez, apesar de já ter vindo a América do Norte expor,
é contemplado com tantas fotos suas impressas.
Afinal, foram décadas de documentação, como fosse um livro de memórias,
que ele espessou-se pela imagem, aguardando para mostra-lo ao publico.
Atribui isso ao preconceito que o Ocidente, segundo ele, tem ao povo eslavo.
Mas não é mais ou menos essa a trajetória de todo o fotógrafo?
Eslavo ou não, fotógrafos têm, no Brasil e principalmente no Paraná, grande dificuldade
de publicação.
A renúncia fiscal poucas vezes estimula o contribuinte a investir em publicações de fotos.
Um bom livro de fotografia é um produto caro.
Geralmente as verbas de projetos cobrem a impressão de um livro mas não pagam a pesquisa, que
às vezes leva anos de investimento de tempo e de dinheiro.
Bem, sem xenofobia, fica aos dirigentes a sugestão de que, a cada publicação, nacional ou internacional, DE TODOS OS SEGMENTOS DA ARTE, um artista local, em contrapartida ao contribuinte , tenha uma publicação no mesmo nível de edição.
Ah, mas não tem artistas locais de nível para isso?
Se isso acontece, principalmente na fotografia, então todos os investimentos
feitos em publicações e exposições luxuosas a fotógrafos que conseguiriam essas publicações em qualquer lugar do Brasil ou do mundo, como Cláudio Edinger ou Miguel Rio Branco, e foram contemplados com recursos públicos de nossa cidade para publicação de livros, não trouxeram contrapartida cultural nenhuma à comunidade local?
Há, e sempre houve por aqui algumas distorções sobre a politica da fotografia.
Insisto, não é xenofobia.
É fundamental a potencialização e intercâmbio cultural com o mundo.
Desde que tenha mesmo um retorno local mais consistente.
No mais, a exposicão de Sutkis é emocionante, principalmente as da Escola para Meninos Cegos.
As cópias também são um primor.
Imperdível!
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