março 26, 2009

O Largo da Estação


Relógio do Museu Ferroviário, antiga Estação.

Ao se pensar em tempo, em ciclos, não há como não evocar a Praça Eufrásio Correia e a Estação Ferroviária, que ligava Curitiba à Paranaguá.
No final do século dezenove o desenvolvimento da área urbana estabeleceu-se por alí. A praça tornou-se um núcleo dinamizador da cidade, a partir da construção da Estação Ferroviária. A inauguração em 1885 da ferrovia, unindo Curitiba ao Porto de Paranaguá, decidiu a transformação dos arredores da estação, que foram sendo ocupados por instalações industriais e de comércio exportador. As primeiras indústrias atraídas para aquela área foram as de erva-mate - na época, o principal produto de exportação do Paraná -, seguidas por fábricas, de barrica - para acondicionamento da erva-mate, - cerveja, fósforos, além de moinhos e armazéns. Com a dinamização da área, não só pelas atividades econômicas mas pela movimentação de passageiros, principalmente pela chegada de imigrantes, a região assume o papel de principal ponto de encontro da cidade.
A Rua da Liberdade, hoje Barão do Rio Branco, unia o largo ao centro tradicional.
Passou a ser a principal artéria urbana. Nela foi implantada a estação de bondes.

O “Largo da Estação", como era chamado, consolida-se como o novo centro político e comercial da cidade, com a construção da sede para a Assembléia Provincial no lado oposto ao da Estação Ferroviária e a concessão de licença municipal à instalação, na praça e nos seus arredores, de diversos tipos de comércio, como quiosques, botequins, bilhares e restaurantes.
Os principais estabelecimentos comerciais atraídos para a área foram, porém, foram os hotéis. A maioria pertencente a alemães e italianos, e dedicados à hospedagem de imigrantes, comerciantes e políticos.

Ligaram-se à memória da praça e da cidade, hotéis como o Yohnscher, o Brotto, o Delmira dos Santos, o Paraná, o Rio Branco, o Roma e o Tassi . O desenvolvimento do transporte rodoviário, a transferência da Assembléia para o Centro Cívico e, finalmente, a construção, em outro local, da Estação Rodo-ferroviária, foram os fatores que, sucessivamente, marcaram o fim do papel polarizador da Praça Eufrásio Correia.

5 comentários:

Anônimo disse...

Lina,
Aqui quem escreve é Ana Paula, uma das estudantes que foi ao seu apartamento recentemente. Estava fazendo um passeio pelo seu blog quando li seu texto sobre "O Largo da Estação". Muito Legal! Fiz (com minha equipe da faculdade) um projeto para Rua Barão do Rio Branco no ano passado. Fizemos muita pesquisa sobre todo processo histórico da região e gostaria de recomendar a leitura de uma tese de doutorado de um dos maiores arquitetos do Paraná, e do Brasil. O objeto da tese são os marcos referenciais de Curitiba. Vale a pena ler, o texto é delicioso. Tenho certeza de que você vai gostar muito, isso se já não o leu.
Você pode ter acesso a ela na biblioteca da PUC, provavelmente na federal também.
O autor é Leonardo Tossiaki Oba. Marcos Urbanos e a Construção da Cidade. USP, 1998.
Um beijo.

Lina Faria disse...

Ana Paula,
Bom ve-la por aqui.
Vou procurar ler a tese de Leonardo Tossiaki Oba. O assunto me interessa.
bj, Lina

Lina Faria disse...

Ana Paula,
Me ocorreu uma idéia.
Esse blog dá espaço a novas idéias sobre a cidade.Se vocês têm uma forma condensada de apresentar esse projeto, o Não Lugar o publica. Então?

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Lina,
Adorei sua proposta!! Como fizemos os desenhos à mão, precisamos arruamar o material e digitalizar. Antes, temos que entregar o projeto da Riachuelo que está consumindo todo nosso tempo. Será que pode ser depois??
Descobri que existe um link para acessar a tese do Oba e fazer download. Vou procurar e te mando.
Bj. Ana.

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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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