Praça Brasileira
No Brasil, a ideia de praça normalmente está associada à presença de ajardinamento, bancos onde os cidadãos sentam para jogar conversa fora, esperar um amigo, xavecar uma mina e até dormir, se a coisa apertar. Livres de carros, as praças são o estar do cidadão. Já quando estudamos a história das cidades desde a Grécia antiga - onde as ágoras tinham espaços de tribuna, e até hoje nas cidades da Espanha, Itália e Portugal - vimos que esses lugares não têm vegetações . São "praças secas", apenas com o grande Largo que determina sua condição de Ágora. Há monumentos espetaculares mas que nunca intervêm na paisagem do grande templo que elas sempre abrigam. Um dos grandes objetivos da ágora, além de tribuna de seu povo, era garantir as não edificações, livrando os templos de intervenção visual à sua perspectiva.
Coisa que não acontece no Brasil. Já pensaram, com o sol dos trópicos, praças sem árvores, sem lugar para o desempregado esperar as horas passarem? Pois Alfred Agache, urbanista francês que fez vários projetos no Brasil pensou. Quem já teve acesso aos seus belos desenhos pode ver que para a Praça Tiradentes de Curitiba, por exemplo, o arquiteto não pensou em árvores. De sorte, eu acho, que nem todas as sugestões do francês foram acolhidas aqui.
2 comentários:
Lina, além de admirar muito o seu trabalho, considero bem oportuno este texto sobre praças e árvores.
Aqui em Curitiba um dos únicos lugares onde se poderia ver o céu sem esbarrar em paredões de concreto seriam as praças. Seriam mesmo, pois devido às verdadeiras florestas nelas existentes, a visão do céu (e, portanto, a sensação de espaço) fica novamente prejudicada. Por óbvio não sou contra a arborização, mas considero que isso tenha que ser feito com melhor planejamento. Curitiba, há muuuitos anos (pelo menos uns vinte), se gaba por ter 51 metros quadrados de área verde por habitante. É curioso perceber como esta estatística permanece imutáve, a despeito do acelerado crescimento da população...
Voltando ao assunto, enquanto se verificam as florestas nas praças, percebe-se que existem poucas calçadas arborizadas, o que considero uma grande distorção e também um paradoxo numa cidade que se pretende "capital ecológica" (com seus ônibus que lançam cortinas pretas de fumaça bem na altura de nossos narizes).
Eu acho muito bonito ver fotos antigas das praças Tiradentes, Osório e Rui Barbosa, na época em que a vegetação ainda era baixa. Daí, sim, se tinha a sensação de verdadeiras esplanadas. Outro exemplo: penso que seria muito mais bonita a Praça Santos Andrade sem tantas árvores altas, até porque daí se poderia ter uma visão ampla e desimpedida das fachadas do Teatro Guaíra e da UFPR.
Já estive na Europa e fiquei admirado com as praças lá existentes dentro do conceito que você expôs, de "Ágoras". Por outro lado, consegue imaginar, por exemplo, a Piazza San Marco, no Vaticano, tomadas por carvalhos na frente da Basílica de São Pedro?
Acho que a arquitetura é tão importante quanto a ecologia, e certamente existem maneiras de fazer com que convivam com mais harmonia do que aquela vista em Curitiba.
Concordo com voçê Luiz Fernando. Também acho que o arvorismo de Curitiba não tem muitos critérios.
Concordo também que os espaços púbicos têm que respeitar o entorno e recuo à perspectiva de monumentos arquitetônicos. Talvez as soluções sejam pequenos parques de bolso mesmo. O brasileiro tem a cultura do ócio. Há que lhe garantir o fruir dos seus espaços externos de sua urbe por ele.
Assunto a ser mesmo discutido e educado aos cidadão comuns.
Obrigada po abrilhantar o assunto que provoco!
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