Solidão a Dois
O casal, não nascidos um para o outro, vive juntos em uma praça pública.
Nem se olham. Incesto não seria o argumento, são filhos de escultores distintos. Ele por Erbo Stenzel, ela por Cozzo.
Ela nasceu para representar a Justiça, em frente ao Tribunal. Ele o homem do Paraná, quando do centenário de sua indepêndencia politica. Por motivos de falso moralismo, a moça ficou escondida atrás do Palácio do Governo, por muitos anos.
Alguém teve a ideia, boa aliás, de tirá-la do castigo e traze-la para a vista de todos.
O homem, talvez com a intenção de parecer determinado, trás os punhos cerrados, o que lhe confere um quê de revolta, de ira contida. No atual contexto, quando sua companheira à revelia parece constantemente querer discutir a relação, ele só quer dar o fora.
A moça não conhece a solidão pois é utilitária. Dá colo aos turistas, às crianças. Quem resiste ao aconchego de um par de seios e o calor de um ventre?
Mas seu rosto veste, como uma burka, um véu querendo esconder a mágoa do desprezo do grandão.
Homem paranaense?
Eu, hem!
4 comentários:
Maravilhoso. Amei o texto e os retratos dos amantes ´des-encontrados´. Beijo
adorei Lina.
Se esse é o retrato do homem paranaense, também "tÔ" fora.
:)
Não é, meninas?
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