agosto 01, 2009

Eu e meu Galo

Morei no Rio na década de setenta e, mais de uma vez, encontrei nas baladas Rita Lee e seu gato, literal, diga-se de passagem. Levava o bichano à boate, dançava com ele. Uma festa pra pista toda.
Bem, mas quem é mutante, tudo pode.
Já dona Sebastiana, a Tiana, das barrancas do Rio Paraguai, em Cáceres, Mato Grosso, também se sente no direito de adotar hábitos extravagantes, como bem lhe apetecer.
Os filhos haviam casado e ido embora e ela apegou-se a um pintinho que cresceu e virou um galo. Na hora dessa foto, final de tarde, lá ia Tiana, com seu Tião a tira colo (esse era o nome da ave), dar uma volta, visitar uma vizinha, antes de voltar e acomoda-lo em uma caminha, ao lado da sua.
Observo a muito tempo a reação das mulheres e suas estratégicas de sobrevivência às questões emocionais que lhes incomodam.
Exemplo, nas prisões femininas, mesmo as que querem demonstrar mais insensibilidade, têm em suas camas uma boneca, ou um bichinho de pelúcia, como forma de exercitar esse afeto inerente a elas, sobre algo, quando não têm alguém.

4 comentários:

Lee Swain disse...

O amor vai muito além de idade, cor, gênero e pelo que se vê, espécie. Bela história, linda foto.
Swain

Unknown disse...

Linda foto Lininha, cê sabia que eu
ilustrei a caminha de um menino que tinha uma galinha como bicho de estimação? Até na festa junina ele levou a galinha, tenho a foto em algum lugar, se achar te mando.
Beijos!

Lina Faria disse...

Que lindo, Iara!

Luiz Vita disse...

Lina,
Adorei a foto e o seu texto. Você está sempre de olhos bem abertos....
beijos

PS: por que não reunir essas histórias em livro, hem?

Quem sou eu

Minha foto
Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
Todos os direitos reservados à autora.
Fotos podem ser copiadas desde que com menção à fotógrafa e sem fins comerciais.

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