dezembro 19, 2009

Indiferença e afeto

Essa imagem é lugar comum nas ruas das grandes cidades brasileiras.
A indiferença não é só da moça que passa.
A novidade para mim é a compaixão de alguém que deixou um guarda-chuva aberto para proteger o pobre homem da fina garôa que caia.
Ao fotografar, fui surpreendida por um argentino que reclamava a presença do dorminhoco em frente aos seu artesanato exposto na mesma calçada. "Vai estragar sua máquina, fotografando esse infeliz".
Respondi que o direito de estar ali, do excluído, era o mesmo do dele.
Se o dorminhoco atrapalhava seu comércio, ele antes já atrapalhava os transeuntes da calçada.
Cada um no seu direito ou necessidade. Fora do sistema estavam os dois. Que tal se ele, o artesão argentino, mudasse de sitio, já que suas condições físicas e sociais estavam ainda em vantagem à do cidadão inanimado ao chão.
As pessoas me acham louca por eu intervir em distorções sociais.
Mas, penso eu, então o que faço nessa vida se não tentar melhora-la pra todos?
Desculpem minha pretensão quase arrogante. Sou assim, meio chata.

3 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Muitas vezes gostava de ser assim. Acho que está coberta de razão. Há, porém, alguns casos, como sempre, de mendicidade profissional. Claro que ninguém gosta de ser mendigo. Mas tem situações em que se fica com a sensação que ainda gostam menos de trabalhar. Por cá temos casos de verdadeiras organizações de mendigos que, inclusivamente, vão trocando os miúdos de "mâe" para "mâe"... São de um determinado país de leste. Enfim, descreditam os outros.

Lina Faria disse...

Sim, Jorge, há os de má fé.
Mas em geral são alcolatras que chegaram ao fundo do poço.
Quase semore é problema social que desenboca no de saúde.

João Menéres disse...

AMBOS (LINA e JORGE) cheios de razão.
É incerto a quem devemos mesmo prestar auxílio.

Bom trabalho o da LINA FARIA.

Um beijo.

Quem sou eu

Minha foto
Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
Todos os direitos reservados à autora.
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