fevereiro 13, 2011

                             







O Caso do Molungu do Bondinho





                                             

 
Recebi há dias e-mail do artista plástico Daniel Escudero com texto lamentando, com razão, o desaparecimento da árvore que por tanto tempo deu sombra à Rua das Flores.
Seria um Molungu, diz Daniel, apesar de na minha leviana pesquisa visual google mostrar um perfil diferente do da foto sem crédito, gentilmente mandada por Escudero.
 
 
Bom dia Lina,
faz algum tempo conheço seu trabalho e vejo seu blog

Hoje postei no meu Facebook o texto abaixo - caso queira publicá-lo em seu blog fique a vontade. Infelizmente não tenho fotos próprias da árvore que existia ao lado do Bondinho, se vc tiver alguma e permitir que eu publique, me comprometo a dar os devidos créditos.

Sou artista plástico/ pintor e curitibano por opção.

Att.
Daniel Escudero.

IN MEMORIAM — Desde janeiro observo a febre de moto-serra que assola Curitiba.
Ontem (08/02/2011) fiquei estarrecido ao ver que a árvore centenária que estava ao lado do bondinho não existe mais.
Conheci-a bem, desde que vim a Curitiba. Gostava de olhar diariamente para ela, ao passar pela Rua XV, me admirando com seu porte majestoso. Olhava-a como quem cumprimenta diariamente algum conhecido, ou à atendente da padaria, todas as manhãs, ao tomar o café.
Me sentia feliz de morar na capital ecológica do país, certamente, motivo de orgulho.
Com sincero aperto no peito digo que conheci bem essa árvore, e dou testemunho de que no dia de sua derrubada, tinha feridas e mutilações de praxe – nada que ameaçasse ninguém – era viçosa e sadia.
Como morador de Curitiba me sinto espoliado de um centenário bem urbano, pertencente à sociedade curitibana: Porquê? E a mando de quem? Quem são os responsáveis, e a que partido pertencem?
Essa árvore era da cidade, era minha, de quem lê, de quem se lembra sua serena majestade. Ela já existia antes te todos nós termos nascido.
E não canso de perguntar, porquê?
Em sua forma de agir, Curitiba – a capital ecológica do Brasil – me parece legitimar, o desmatamento do resto das florestas. Defender a derrubada de árvores na longínqua Amazônia agora me soa como apenas como um papo insonsequente. Nem sequer conseguimos cuidar as árvores de nossa cidade, como vamos defender a Amazônia, o Serrado ou a Mata Atlântica?
Que foi de meu orgulho de morar numa cidade que se vangloria de ser a capital ecológica do Brasil. Oh glória vã! No meu entender, isto é um patético caso de hipocrisia ecológica. Não estou certo?
Lembro que faz um ou dois anos foram exibidos, em diversos pontos da mesma Rua XV, vários tocos de araucárias centenárias derrubados ilegalmente em “outras cidades”. Acusar os outros é fácil. No entanto, a cidade de Curitiba derruba uma das únicas duas árvores centenárias – e sadias - que sobreviviam no conhecido cartão postal da Rua XV. Ao meu ver seria o caso de exibir na Rua XV, a tora que sobrou da “árvore do bondinho”, exatamente da mesma forma que foram exibidas aquelas toras de araucárias. Não creio que faça mal o povo saber que, a consciência ecológica da cidade, é apenas falácia e marketing.
Agora resta apenas uma, a poucos metros da praça Osório, cabe perguntar, até quando e porque?






Daniel, publiquei seu texto pelo respeito que tenho por quem tem apego à cidade.
Passei no sábado por lá e perguntei aos funcionários do bondinho, que voltou a ser biblioteca infantil da prefeitura, e eles me informaram que no sábado anterior havia ido abaixo e replantado em seu lugar uma árvore da mesma espécie. Hi, mas aí confundiu tudo. A árvore que aparece na foto, vou
achar fotos da anterior,é completamente diferente. A verdade é que com essas impiedosas tempestades uns galhos andaram machucando um velhinho, outros caindo sobre o próprio bondinho.
Mais detalhes, não saberia.
Vamos ficar de olho!








2 comentários:

Anônimo disse...

Lina, sobre essa árvore, saiu ontem uma foto e comentário sobre o assunto na coluna do Cid Destefeni, ele postou esse comentário:

"No dia 16 de janeiro a Nostalgia publicou “Acontece em Curitiba”, quando foi comentado o perigo que certas árvores oferecem aos pedestres no centro da cidade. Foi mostrada a foto da corticeira ao lado do bonde, chamando a atenção sobre o risco de acidentes que tal árvore poderia oferecer. A prefeitura de Curitiba sabiamente extirpou aquele exemplar ameaçador no último domingo, dia 6 de fevereiro. Parabéns!"

Iara, pela transcrição

Washington Cesar Takeuchi disse...

Perguntei a um conhecido na Secretaria do Meio Ambiente se ele saberia o motivo da retirada dessa árvore. A ausência dela realmente causa uma sensação de que algo está faltando no local.
No meu blog, em dezembro postei uma foto ficará para mim como a última homenagem!
http://circulandoporcuritiba.blogspot.com/2010/12/reforma-do-bondinho.html

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Curitiba, Paraná, Brazil
Sou fotógrafa e curiosa. Vivo na cidade de Curitiba e gosto de olhar e documentar a relação das pessoas com os espaços em geral. Levo isso ao pé da letra, quando fotografo as ruas e sua ocupação desordenada. Também nos interiores das submoradias, longe de qualquer padrão de ordem mas com um sentido de segurança, mesmo que penduradas e vulneráveis à primeira chuva. Mas tudo isso tendo como compromisso a beleza, a harmonia. Mesmo na realidade de uma favela, resgatar a dignidade através do belo é o que me interessa. Gosto também, e muito, de design e arquitetura. Da social à contemporânea, o gosto pelo ocupar me interessa. contato: linafaria@yahoo.com.br
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