No fundo do copo...
Porque hoje é sábado, escrevo um editorialzinho dessa minha conturbada volta ao 'mundo real', numa semana de reiniciação à labuta.
Adverte um ditado árabe - ou teria dito com palavras não menos reais o Osho, não sei - :
Não se explica, nunca, nada. Os amigos sempre vão te entender e os inimigos não vão acreditar.
Portanto...
Mesmo assim acho respeitoso aos que aqui vêm saber o que leva uma pessoa comum baixar em um hospital psiquiátrico e lá ficar durante duas semanas.
Não tenho dependência química nem nunca tive. Não bebo. Nunca consegui metabolizar o álcool, uma espécie de alergia que me poupou, talvez, de pisar na jaca mais que o devido, sei lá.
Estive, como disse a um amigo, igual aquele cara que ficou três noite sem dormir e chorando, por perder o seu galinho. Não perdi nada senão o encanto, talvez, pela vida. Tristezas e desesperança ao vir passar pelos meus olhos tantas adversidades e injustiças sociais? Ai pareceria desculpas. Soaria como arrependimento pelas opções profissionais e de vida que fiz, o que também seria micho, não acham?
À conclusão exata ainda não cheguei. Pra isso me valho de profissionais de alma que muito me têm elucidado.
Disso tudo tenho já a certeza de que a solidão, o medo, a culpa e a opressão, quer familiar, quer social e, especialmente a religiosa, são mesmo os grandes males de nossa época. Pretendo desenvolver algum trabalho com os intensos subsídios que extrai de minhas companheiras de desventura. Não sei ainda como, pois, pela delicadeza do tema, há que se ter muito tato para não ferir dignidades. Para que seja de ajuda às minhas novas amigas de convívio.
Pra não ser leviana começarei por trocar cartas - muitas escrevem compulsivamente- como já combinamos. As que se sentirem ainda receptivas, dirão a viabilidade ou não de se documentar suas manifestações. Veremos.
Por enquanto, ilustro esse papo com uma foto do sensível jornalista Zé Beto, com quem tive uma filha e tenho hoje uma consistente amizade fraterna, e sua foto lembrando de seus tempos de sombra. Bebia muito e há 15 anos conseguiu recuperar-se fazendo hoje um belo trabalho voluntário com palestras e resgates de amigos que continuam com a "marvada".
E cá estou, novinha, novinha, sem mais a abstinência das filhas como nas duas semanas e com muita garra pra seguir adiante. Sigam comigo, por essa página!
Junk, não. Trash? Talvez...
7 comentários:
Bem-vinda, amiga Lina,
e que tu fiques bem.
Roberto Silva
Grata,querido Roberto, amigo de João Pessoa.
Passado é passado!!! Passouuuuuuuu
Bom retornar, amiga. E que este seja pleno e sereno ao mesmo tempo.
Esteja em paz!!!!
Bj
Lininha,
Só você mesmo. Desnecessário, querida, qualquer explicação.
Então não te conhecemos ha uns bons 30 anos?
beijos,
kaká
Lina:
Eu ia visitá-la num sábado, preparei até um bolo Nega Maluca, tomei meu rivotril, mas fiquei com medo de que não me deixassem sair de lá.
Você agora faz parte da Rivobanda!
Repíto:
você está muito sensata
acho bom
consultar um psicopata
retta/solda/leminski
Querida Lina,
Explica nada mesmo. As tuas escolhas sao voce, cheia de sensibilidade e vendo a humanidade com tanta lucidez! Isso é de pirar mesmo.
beijo
Postar um comentário